Ao longo de seus 68 anos, muitas histórias atravessaram os corredores da Pequena Casa da Criança. Atendidos, colaboradores, voluntários e todos aqueles que contribuem para fazer da instituição um espaço de acolhimento e carinho deixaram suas marcas.
Para honrar essa memória e ajudar a construir o futuro, entrevistamos seis pessoas que compartilham um pouco de suas trajetórias na instituição e relatam o que a Pequena Casa significa para elas.
O acolhimento transforma: Mariana, voluntária da Pequena Casa
Mariana Risch, de 22 anos, conheceu a Pequena Casa da Criança através de sua mãe, que trabalha no Posto de Saúde ao lado. Estudante de Medicina, ela sempre teve interesse pelo voluntariado. Ao chegar na Pequena Casa, sua primeira impressão foi de acolhimento: “Fui muito bem recebida, principalmente pelas crianças. Me senti muito acolhida e à vontade desde o início.” Essa recepção calorosa a encorajou a superar a insegurança inicial e ingressar nas aulas com os alunos.
Como voluntária, Mariana dedica seu tempo a dar aulas de ciências, explorando temas como o corpo humano e a saúde, sempre buscando despertar a curiosidade das crianças. Ela conta que se surpreendeu com o entusiasmo dos pequenos: “Eles ficam muito agitados e impressionados com as novidades. Eu não imaginava que eles se interessariam tanto. O retorno deles me anima e dá sentido ao que faço.” Para ela, o voluntariado não é apenas uma doação de tempo, mas uma troca enriquecedora que traz felicidade tanto para ela quanto para as crianças.
Para a jovem, a Pequena Casa é um espaço de felicidade e crescimento, onde as crianças têm a oportunidade de expandir seus horizontes. Mariana espera que, no futuro, a instituição continue oferecendo experiências diversificadas que enriquecem a vida dos alunos. “A Pequena Casa é sinônimo de felicidade para mim.”, enfatiza, com um sorriso que reflete o carinho e a gratidão que sente pelo tempo que passa na instituição
Wenzo: crescendo na Pequena Casa
Wenzo, de 14 anos, morador da Vila Maria da Conceição, conhece a Pequena Casa da Criança desde os seis anos de idade. Ele começou sua trajetória na instituição como aluno da educação infantil, seguindo no ensino fundamental, passando também pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV). Para ele, a Pequena Casa tem sido um lugar de acolhimento e aprendizado constante: “Passei por várias experiências aqui, momentos alegres e sempre com um sentimento de acolhimento”, relata Wenzo.
Hoje, no Trabalho Educativo, Wenzo está se preparando para o futuro, aprendendo sobre o mercado de trabalho e estudando com foco no ensino superior. O jovem já faz planos: quer cursar Tecnologia da Informação (TI). “O que eu aprendo aqui na Pequena Casa me ajuda muito. Me dá uma base sólida para a vida”, diz ele. Além disso, menciona que sua família inteira já passou pela instituição. “A Pequena Casa é um ponto de referência na nossa vila, um lugar que acolhe e ensina”, completa.
Para Wenzo, a Pequena Casa significa muito mais do que um simples local de ensino; é um pilar da comunidade, um espaço de transformação e crescimento. Ele deseja que a instituição continue evoluindo, acolhendo mais crianças e oferecendo a mesma oportunidade de carinho e educação que ele recebeu.
Paulinho da Pequena Casa: duas décadas de dedicação e carinho
Paulo Francisco da Silva, mais conhecido como Paulinho, tem 53 anos e uma longa história de dedicação à Pequena Casa da Criança, onde trabalha há mais de 20 anos. Ele começou na instituição em 2004, passando por diversas funções, desde coordenador pedagógico no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos até o papel atual, onde trabalha com Espiritualidade e Pastoral.
Ao longo de sua trajetória, Paulinho também se tornou um representante da Pequena Casa em fóruns e conselhos, como o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e a Comissão Regional da Assistência Social (CORAS). Para ele, esses papéis são fundamentais para garantir que a instituição atenda as necessidades de todos. “A Pequena Casa é como um pronto-socorro para a comunidade, sempre acolhedora e de portas abertas para quem precisa“, afirma.
Para o futuro, Paulinho espera que a instituição se expanda ainda mais, especialmente para atender à crescente demanda de crianças e famílias da região. Mais do que um local de trabalho, ele complementa emocionado: “Para mim, a Pequena Casa é um estilo de vida, é a minha casa”.
Jorge Farias: memórias de uma vida dedicada à comunidade
Jorge Roberto Flores Farias, morador da rua que carrega o nome de seu pai, Antônio Farias, conta com orgulho sobre a sua vida, marcada por seu envolvimento na Pequena Casa e na comunidade São Jorge. Ele lembra dos tempos em que o bairro era apenas um conjunto de becos sem água e luz, e de como, com o apoio da Pequena Casa e da Irmã Nely, conseguiram trazer melhorias significativas para a região.
Com mais de 70 anos, Jorge participa atualmente do Grupo de Idosos. Além disso, já ocupou posições de liderança, como presidente da Associação dos Moradores, sempre motivado pelo desejo de contribuir para o bem-estar coletivo. Ele encara a evolução da Pequena Casa e da comunidade com alegria, observando as transformações físicas e sociais que ocorreram ao longo dos anos. “Ah, para mim é uma alegria! Eu sempre saio daqui com esse sentimento bom”, comenta.
A influência da Irmã Nely na comunidade é destacada por Jorge como essencial, sendo ela uma figura fundamental na criação e manutenção da instituição. Para ele, a instituição é um símbolo de esperança e resiliência, um legado que continua a florescer e a beneficiar as novas gerações, incluindo seus próprios netos. Ele deseja que a Pequena Casa continue se desenvolvendo e crescendo: “Eu espero que fique cada vez melhor! E se Deus quiser vai ser!”
A jornada de transformação de Larissa na Pequena Casa
Em 2009, Larissa Jorge começou sua trajetória na Pequena Casa da Criança como educadora social no Serviço Especializado de Abordagem Social. Ao longo dos anos, ela desempenhou diversos papéis na instituição. Essa longa caminhada não só solidificou sua carreira, mas também proporcionou um amadurecimento profissional significativo. “A Pequena Casa me deu muitas oportunidades e me ajudou a crescer junto com a instituição”, relembra Larissa.
Ao refletir sobre suas experiências, Larissa destaca o impacto profundo do trabalho com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade. “O encontro com essas crianças e adolescentes me fortaleceu muito e me fez olhar para a situação de rua, a violência e a vulnerabilidade de uma nova forma”, diz. Para ela, a Pequena Casa não é apenas um lugar de acolhimento, mas também um espaço crucial para a execução de políticas públicas que garantem direitos e transformam vidas.
Hoje a ex-colaboradora observa a Pequena Casa como um símbolo de crescimento e oportunidade. Com uma trajetória de mais de uma década, acredita no poder transformador da instituição: “Espero que a Pequena Casa cresça cada vez mais, amplie seus projetos e continue a transformar vidas”.
Jovem aprendiz Tierry relata seu amor pela Pequena Casa
Tierry Selenti, de 15 anos, conhece a Pequena Casa desde cedo. Morador da Vila Maria da Conceição, ele conta como a instituição foi um pilar em sua vida. “A Pequena Casa sempre esteve comigo, sempre me acompanhou de todas as formas”, relembra Tierry, que passou por diversos serviços oferecidos pela instituição, como a escola, o Serviço de Convivência, o Trabalho Educativo e, atualmente, o programa Jovem Aprendiz.
Atualmente, Tierry se dedica a aprender novas habilidades que o prepararão para o futuro. Ele compartilha a satisfação de participar de atividades práticas. “É muito bom! Estou aprendendo coisas novas… vai ser difícil sair da Pequena Casa, já que estive aqui desde pequeno“, diz ele com um sorriso. A Pequena Casa, para ele, não é apenas um lugar de aprendizado, mas também um ambiente repleto de carinho e apoio.
Com planos de seguir carreira militar ou se tornar jogador, ele também expressa seu desejo de ver a Pequena Casa continuar a expandir seu alcance e impacto na comunidade. “Espero que a Pequena Casa ajude mais pessoas, como ela já ajuda. Que ela possa adquirir mais espaços, para mais pessoas, não só daqui da vila, como de fora também”, comenta o jovem.