Em um sábado chuvoso, um grupo de jovens da comunidade e a equipe da Pequena Casa se reuniram para criar um espaço de ajuda e solidariedade aos afetados pelas enchentes em Porto Alegre. O Estado estava apenas começando a entender a gravidade das chuvas, mas a ação coordenada por quatro ex-alunos da instituição já ganhava grandes proporções.
Morador da Pedreira, uma das regiões mais vulneráveis da Vila Maria da Conceição, Alisson Raymundo, de 22 anos, foi um dos primeiros a se prontificar para criar um ponto de coleta e doação no ginásio da Pequena Casa. A ideia surgiu por ser um lugar conhecido da população e com estrutura adequada para a atividade.
“O pessoal estava com muita vontade de fazer algo, com um sentimento de solidariedade. Então, eu vim conversar com a coordenação da instituição e eles foram bem acessíveis, conseguimos abrir o ginásio”, relembra Alisson. Ele e outros dois voluntários presentes na organização, Brayan Laurentino, de 24 anos, e Bruno Silva, de 23, já haviam organizado ações na comunidade para crianças em épocas como Natal e Páscoa.
Bruno, morador do Partenon, conta que o voluntariado faz parte de sua vida desde cedo e, devido ao caos na cidade, decidiu se prontificar. Além dos rapazes, a “mãe do grupo”, Fabricia Centeno, de 32 anos, comenta que já estava atuando na arrecadação de doações quando foi convidada a se juntar ao grupo de jovens.
Para que o processo funcionasse, o grupo precisou reduzir a equipe para sete pessoas e se adaptar na prática. As doações chegaram de todos os lados, tanto da comunidade quanto de fora do Estado. Brayan, também morador da região, relata que o trabalho no ponto de coleta serviu para acolher e ajudar quem realmente precisava devido às enchentes.
Ele e Alisson acamparam no ginásio para receber e distribuir as doações, com uma rotina de acordar às sete da manhã e dormir às onze da noite. Inicialmente, o objetivo era ajudar pessoas que sofreram danos materiais pela enchente, mas o grupo decidiu atender toda a comunidade, já que muitas pessoas foram afetadas direta ou indiretamente, seja pela falta de produtos ou desabastecimento de água.
Bryan relata o que sentiu no dia em que receberam uma grande doação: “Eu chorei quando a gente recebeu uma mercadoria, era um caminhão. Enchemos o ginásio. Fico feliz de distribuir para quem precisa, de ver que as pessoas realmente precisam e ajudar da melhor forma possível, é muito maravilhoso”.
Nos últimos dois dias da ação, 100 pessoas foram beneficiadas com as doações, segundo balanço feito pelo grupo. No total, estima-se que 500 pessoas passaram pelo ginásio durante todo o período de mobilização.